domingo, 13 de abril de 2008

Néon


O balcão do bar,

Uma dose qualquer,

Pouca luz,

Fumaça de cigarros,

Um piano no palco,

Blues.

Ela usa um vestido preto,

Apenas um brilho nos lábios,

Olhos expressivos.

Inicia seu show,

Notas com a voz brevemente rouca, incomparável.

Abre-se um portal pra outra dimensão,

Outro tempo, mergulho nele,

Não há como explicar.

No final do segundo bis,

Ela agradece suave, como sempre.

Bato palmas, parece que recém acordei de um sonho.

Encontro-a no camarim,

Nossos olhos se beijam,

Ajudo a vestir o casaco,

Ganhamos a rua,

No frio, os vapores das nossas bocas

Desenham palavras gostosas de ver,

São duas e trinta da manhã,

Lhe dou minha mão,

Lhe roubo um beijo,

Suspiramos os dois, sem deixar parecer,

Sorrimos por dentro e por fora,

Penso que essa energia, poderia manter acessas as luzes de néon de toda a cidade,

pelo resto dos tempos...