terça-feira, 29 de abril de 2008

Linhas da Vida


Fiquei de ler e dizer se gostei,

Gostei e havia de estar por perto,

Estive, e havia, por certo, de escutar,

E assim fiz, e escutei que teria de sentir

E senti que já não teria como fugir,

Abri então, os olhos e vi,

Os passos que haveria de dar um dia,

As correntes que quebraria,

Os outonos, as primaveras a atravessar,

Mergulhos no mar, o mel e o sal nas bocas

As mãos dadas,

Pra gostar,

Pra querer,

Pra escutar,

Sentir,

Viver,

Então pensei em não mais pensar,

Deixar simplesmente meu destino acontecer.


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Jogo do Amor


Sim, podes vir,

Me toque assim: de mansinho


É como estar sem luz

Perder mesmo o chão

Te ausentas de mim

Me pede perdão, ah


No jogo do amor

Não sabes perder,

Fez de mim tua peça

Só me faz sofrer


‘inda não aprendi,

Teu toque, e esse jeitinho,

Que me faz ceder,

Já volto pra ti, ahh...




quarta-feira, 23 de abril de 2008

"Carta de Importados"


A proposta do Taberneiro, desde o início, foi de postar apenas textos meus. Porém, fui pego de surpresa por algo enquanto lia o "Ovo Apunhalado", do Caio Fernando Abreu.
Ele 'cola' o texto sob o título de Beta - reproduzo tal qual no livro, espero que gostem:


Beta

"Estive doente,
doente dos olhos, doente da boca, dos nervos até.
Dos olhos que viram mulheres formosas
da boca que disse poemas em brasa
dos nervos manchados de fumo e café.
Estive doente
estou em repouso, não posso escrever.
Eu quero um punhado de estrelas maduras
eu quero a doçura do verbo viver."

(De um louco anônimo - transcrito por Caco Barcelos na reportagem "Crime e loucura", publicado na extinta Folha da Manhã, Porto Alegre, RS).



não resisti... ;-)>

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Martelinhos e Short Drinks - Série


Ilumina minha vida com a riqueza do teu brilho, traz calor ao meu viver,

Sem me esconder nem cheiros, nem prazer.

Levo comigo o gozo de saber que nessa vida, só prova do amor quem não teme o sofrer...


terça-feira, 15 de abril de 2008

Click!


Não haveria de dar este clique,

Não teria coragem,

Silencioso, ele media a luz (fingia),

Configurava, desconfigurava, re-configurava sua Canon Rebel,

O cenário estava perfeito: algum lugar entre o pôr-do-sol e o anoitecer,

Usaria o flash 25 talvez, e definitivamente, o Preto e Branco se aplicaria mais uma vez,

Mais do que nunca.


Ela caminhava lentamente pelo estúdio,

De um lado para o outro,

Cigarro nos lábios,

Não, não havia nervosismo,

Ela o faria de olhos fechados,

Olhos fechados e boca entreaberta,

E mente distante e pressa de ir embora, ela pensava...


Ele direciona as luzes para o sofá, fixa a câmera no tripé,

Olha pra ela, mexe a cabeça vagarosamente, num sinal,


Ela joga o cigarro fora, toma um gole de suco,

Respira fundo e tira o hobby,


Ele já sabia, mas seu coração dispara,

E seu dedo não se candidata,

Procura esvaziar sua mente de qualquer pensamento, CLICK!


Ela muda de pose, CLICK!

Mexe os cabelos, CLICK!

Muda o olhar, CLICK! CLICK!

Com cliques que saem pela culatra, ela o mata sem piedade, 10, 15, 30 vezes –

Havia passado dez anos, jamais imaginara fotografá-la de novo –

Cinco disparos por segundo,

Pensa: ela está ainda mais linda,

Mudara sua vida uma vez,

(mais uma de perfil...CLICK!), e ele já sabia,

Que mudaria novamente,

Desta vez para sempre...




domingo, 13 de abril de 2008

Néon


O balcão do bar,

Uma dose qualquer,

Pouca luz,

Fumaça de cigarros,

Um piano no palco,

Blues.

Ela usa um vestido preto,

Apenas um brilho nos lábios,

Olhos expressivos.

Inicia seu show,

Notas com a voz brevemente rouca, incomparável.

Abre-se um portal pra outra dimensão,

Outro tempo, mergulho nele,

Não há como explicar.

No final do segundo bis,

Ela agradece suave, como sempre.

Bato palmas, parece que recém acordei de um sonho.

Encontro-a no camarim,

Nossos olhos se beijam,

Ajudo a vestir o casaco,

Ganhamos a rua,

No frio, os vapores das nossas bocas

Desenham palavras gostosas de ver,

São duas e trinta da manhã,

Lhe dou minha mão,

Lhe roubo um beijo,

Suspiramos os dois, sem deixar parecer,

Sorrimos por dentro e por fora,

Penso que essa energia, poderia manter acessas as luzes de néon de toda a cidade,

pelo resto dos tempos...

sábado, 12 de abril de 2008

O Caminho (Fundo da Adega, safra 2002)


Então caminho, lentamente

Vou com passos forçadamente lentos

Como querendo assim, ritmar meus pensamentos,

- E tudo vai bem


Pelas ruas, sombras, que vejo junto ao chão,

E no horizonte, entre arranha céus de escuridão, tanta luz, tanto contraste,

Sigo satisfeito, por simplesmente ter o sol e ter a sombra,

- E tudo vai bem


Sei dos meus passos hoje,

Suponho meu caminho amanhã,

E quando são os pés que doem, me ponho a descansar,

Assim como a correr das chuvas, na pressa da vida, das ruas...

- E tudo vai bem


E se for de sentar mão com mão, com você,

Ver a vida crescer,

Compartilhar dos caminhos, por assim dizer,

Assim será, assim te terei como me tens,

E nunca abandono a certeza de que tudo,

- Tudo vai bem!




sexta-feira, 11 de abril de 2008

Dormir sem sonhar




Não, não havia mais saída,
Eu não queria mais estar aqui,
Não queria estar em lugar algum,
Não poderia cumprir tuas expectativas,
Aquelas que nem tu sabia quais eram,
Pois se as cumprisse haveria outras e outras mais,
Eu vi que nunca te preencheria,
E que não haveria sossego
E que não passaria um minuto sequer sem pensar no que poderia estar faltando
Me desdobrando em ser mais de um, em dizer sempre a palavra certa, na hora que fosse necessário.
Por isso, arrumei minhas coisas,
Juntei os pedaços do que ainda havia, algum orgulho e respeito próprio
e tomei um táxi, e joguei minhas chaves e meu celular pela janela,
e fui para a rodoviária e comprei uma passagem,
para a cidade mais distante, o primeiro ônibus que estivesse saindo,
recostei meu banco,
e já não pensava em mais nada.
Passavam as luzes da cidade ao longe,
e repeti, pra mim mesmo, tantas vezes,
que não existe uma resposta certa pra todas as perguntas...
até pegar no sono, pedindo pra não sonhar mais...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Fundo da Adega


foto: google imagens

Caros frequentadores da Taberna, estou abrindo um espaço para postar alguns textos mais antigos, algumas coisas do fundo do baú...do 'fundo da adega'...
Espero que apreciem a velharia! Rss

'Zelo' é o primeiro deles...



Zelo (Fundo da Adega, safra 2000)


Por enquanto, só te peço silêncio,
Só o nosso silêncio,

Meu apelo é ao teu olhar,
Que é doce e meigo.
E meu zelo pelo teu corpo,
Não é segredo,
É puro medo de seguir sem tê-lo,
Puro desejo de chegar ao centro,

Fechar contigo em som,
Em verso,

E líquido...


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Grandezas





Penso e fico com medo da grandiosidade da vida.
Penso no espaço que as pessoas ocupam nos meus sonhos, todos os sonhos...
E nem sabem,
E contar um sonho é tão difícil, falar da emoção...
Às vezes, é o tempo que não deixa falar, passa tudo tão rápido, todos passam tão rápido e
guardamos algumas palavras, um jeito de olhar, um sorriso, guardamos o bem estar que nos
traziam, toda a beleza de viver...