Não haveria de dar este clique,
Não teria coragem,
Silencioso, ele media a luz (fingia),
Configurava, desconfigurava, re-configurava sua Canon Rebel,
O cenário estava perfeito: algum lugar entre o pôr-do-sol e o anoitecer,
Usaria o flash 25 talvez, e definitivamente, o Preto e Branco se aplicaria mais uma vez,
Mais do que nunca.
Ela caminhava lentamente pelo estúdio,
De um lado para o outro,
Cigarro nos lábios,
Não, não havia nervosismo,
Ela o faria de olhos fechados,
Olhos fechados e boca entreaberta,
E mente distante e pressa de ir embora, ela pensava...
Ele direciona as luzes para o sofá, fixa a câmera no tripé,
Olha pra ela, mexe a cabeça vagarosamente, num sinal,
Ela joga o cigarro fora, toma um gole de suco,
Respira fundo e tira o hobby,
Ele já sabia, mas seu coração dispara,
E seu dedo não se candidata,
Procura esvaziar sua mente de qualquer pensamento, CLICK!
Ela muda de pose, CLICK!
Mexe os cabelos, CLICK!
Muda o olhar, CLICK! CLICK!
Com cliques que saem pela culatra, ela o mata sem piedade, 10, 15, 30 vezes –
Havia passado dez anos, jamais imaginara fotografá-la de novo –
Cinco disparos por segundo,
Pensa: ela está ainda mais linda,
Mudara sua vida uma vez,
(mais uma de perfil...CLICK!), e ele já sabia,
Que mudaria novamente,
Desta vez para sempre...