sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Marés




Pois ela, ela, como a lua,
Muda as marés,
E a mim,
Inspira de tudo, extremos,
Na maré baixa, junto areia, água e sal e milhares de minerais mais,
Formando corais e recifes ao longo de toda a costa, como esculturas vivas.

Quando sobe a maré,
Me deito sobre os coqueiros e os dobro como se fosse o próprio vento,
E fico mirando tantas ondas e tanta agitação, faço fogueiras à beira-mar e danças da chuva.

E nas ressacas, as minhas,
Afinal, não se ama de graça, sem pagar um preço alto...
Nestas noites de eclipse, em que ela desaparece,
Erro pra todas as direções em que ando,
Cambaleio sem saber pra que lado é a terra,
Pra que lado é o mar,
Não consigo ouvir nada, é aquele estampido constante,
Aquele desequilíbrio, e sigo, sigo, sigo cego,
Até a noite em que acordo,
Deitado na areia, com a boca seca e sedento (por ela),
As ondas batendo nas pontas dos dedos, me chamando.
E lá adiante, através dos olhos entreabertos, vejo seu brilho de novo,
Ela nua, na espuma, na água, sobre a arrebentação...

Nenhum comentário: