Preciso tocar o chão,
Tocar o chão com as mãos,
Sentir a verdadeira gravidade das coisas,
Não ter mais como descer,
Ter certeza de que não haverá forma alguma de cair.
Preciso da terra,
Da terra e da noite, da noite úmida e de seu sereno,
como qualquer bicho rasteiro de olhos negros inquietos,
assim ensimesmado, com caprichos e manias
à espreita de cheiros e ruídos.
Preciso do silêncio das madrugadas,
Pela limpidez das coisas que não precisam dos reflexos,
Daquilo que se basta em si,
Daquilo que não precisa ser visto pra existir.
E vou passo a passo descobrindo meus porquês,
Lapidando meus delírios,
Desvendando grão a grão o pó, a pedra, a terra da qual sou feito,
Intenso, complexo e denso.
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