terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Lua Trôpega
Entenda que o barulho dos seus passos percorrendo meu quarto,
Entenda que o som da sua risada,
Entenda que os fios de cabelo caídos em frente ao seu rosto,
E sua pele arrepiada com meu toque,
E sua respiração próxima ao meu pescoço,
Entenda que nossas mãos apertadas com força,
Minhas mãos na sua cintura e seus olhos nos meus,
Entenda que flutuo, levito quando fecho os olhos e penso nela,
E que o tempo corre desordenadamente enquanto rimos e sorrimos e suspiramos,
Entenda,
Entenda e tente me explicar porque à noite, a lua parece me sorrir,
Enquanto caminho pela rua, pensando nela, olhando pra trás,
Tropeçando, embriagado, sonhando acordado...
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Espaçoso
Vou criar uma pasta entre teus documentos, no teu PC,
Será apenas para alguns filmes, umas músicas e clipes aos Gigas que gosto.
Vou empilhar minhas opiniões definitivas, meu barulho respeitoso e minhas verdades imutáveis sobre as tuas, e juro, cresceremos juntos.
Jogarei meus olhos insuspeitos sobre tuas pegadas e sobre teus passos pela amanhã e, assim, seremos íntimos.
Utilizarei tuas linhas telefônicas, teus cigarros, tua campainha, teu controle remoto, tuas lembranças, o vazio da tua geladeira, teus óculos escuros e tuas olheiras.
E enquanto dormes, abrirei tuas cortinas e janelas ao amanhecer, pois precisamos viver...
Será apenas para alguns filmes, umas músicas e clipes aos Gigas que gosto.
Vou empilhar minhas opiniões definitivas, meu barulho respeitoso e minhas verdades imutáveis sobre as tuas, e juro, cresceremos juntos.
Jogarei meus olhos insuspeitos sobre tuas pegadas e sobre teus passos pela amanhã e, assim, seremos íntimos.
Utilizarei tuas linhas telefônicas, teus cigarros, tua campainha, teu controle remoto, tuas lembranças, o vazio da tua geladeira, teus óculos escuros e tuas olheiras.
E enquanto dormes, abrirei tuas cortinas e janelas ao amanhecer, pois precisamos viver...
Chão
Preciso tocar o chão,
Tocar o chão com as mãos,
Sentir a verdadeira gravidade das coisas,
Não ter mais como descer,
Ter certeza de que não haverá forma alguma de cair.
Preciso da terra,
Da terra e da noite, da noite úmida e de seu sereno,
como qualquer bicho rasteiro de olhos negros inquietos,
assim ensimesmado, com caprichos e manias
à espreita de cheiros e ruídos.
Preciso do silêncio das madrugadas,
Pela limpidez das coisas que não precisam dos reflexos,
Daquilo que se basta em si,
Daquilo que não precisa ser visto pra existir.
E vou passo a passo descobrindo meus porquês,
Lapidando meus delírios,
Desvendando grão a grão o pó, a pedra, a terra da qual sou feito,
Intenso, complexo e denso.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Ao Contrário
Estive pensando em fazer tudo ao contrário pra tentar colocar tudo em seu lugar,
Deitaria sem dormir,
Dormiria meus dias,
Calaria na hora de falar
E na hora do silencio, gritaria.
Nos dias de chuva e frio, sairia em mangas de camisa,
Nos dias quentes, me recolheria, abafado em meu sofá, prato de sopa e meias.
Quando batesse a saudade, cortaria todos os canais de comunicação,
Isolado, me esconderia.
Quando quisesse tudo, nada faria,
Quando da vida não quisesse nada, seria correria.
Seria tudo ao contrário.
Quanto mais te quisesse,
Pra mais longe eu iria,
Quanto mais te dissesse: não te quero mais!
Mais distante da verdade eu estaria.
Expresso
Queria te dizer que sei que já não há mais tempo,
Queria te dizer que estava te procurando, que estive te procurando no lugar errado,
Enquanto estavas me procurando no lugar certo,
Mas talvez não fosse realmente o lugar certo de procurar, pois eu não estava lá,
Sei que os desencontros têm dessas coisas,
Destes cruzamentos todos possíveis entre a hora certa e a hora errada,
Entre o lugar errado e o lugar certo,
Entre você e eu...
Eu tentei te avisar,
Pra vir antes, pra não recuar,
Pois depois de um tempo, quando fosse tua hora de voltar,
Eu já não estaria mais lá,
Eu tentei avisar.
Mas, como eu disse uma vez, eu não sabia me expressar tão bem quanto tu dizia que eu sabia
E talvez tu não me deste a devida atenção
Pois esse é ou era o teu jeito, de recuar ou de manter uma barreira frente ao que é novo pra ti
Como me disseste uma vez.
E talvez, mas só talvez,
Eu não tivesse te dado a devida atenção,
Quando tu não tentou expressar nada,
Pois tu não te expressa ou não te expressava tão bem quanto eu,
Como tu costumava dizer.
Acho que eu deveria ter esperado, expressado, entendido –
mas já não há mais tempo mesmo não é?! Alô? Alô...?
Queria te dizer que estava te procurando, que estive te procurando no lugar errado,
Enquanto estavas me procurando no lugar certo,
Mas talvez não fosse realmente o lugar certo de procurar, pois eu não estava lá,
Sei que os desencontros têm dessas coisas,
Destes cruzamentos todos possíveis entre a hora certa e a hora errada,
Entre o lugar errado e o lugar certo,
Entre você e eu...
Eu tentei te avisar,
Pra vir antes, pra não recuar,
Pois depois de um tempo, quando fosse tua hora de voltar,
Eu já não estaria mais lá,
Eu tentei avisar.
Mas, como eu disse uma vez, eu não sabia me expressar tão bem quanto tu dizia que eu sabia
E talvez tu não me deste a devida atenção
Pois esse é ou era o teu jeito, de recuar ou de manter uma barreira frente ao que é novo pra ti
Como me disseste uma vez.
E talvez, mas só talvez,
Eu não tivesse te dado a devida atenção,
Quando tu não tentou expressar nada,
Pois tu não te expressa ou não te expressava tão bem quanto eu,
Como tu costumava dizer.
Acho que eu deveria ter esperado, expressado, entendido –
mas já não há mais tempo mesmo não é?! Alô? Alô...?
Na primeira noite
Nas camisas molhadas,
no suor declarado,
nas palavras não ditas,
no silêncio falado,
nos corpos em desassossego,
nas pilhas de livros não lidos,
nas páginas vazias de um diário esquecido,
no disco girando com a agulha estragada,
nos olhares vazios,
nos pensamentos dispersos,
nos elos partidos da corrente prateada,
no trago tomado,
na cama desarrumada,
no violão de cordas quebradas,
na televisão pifada,
nas contas não pagas,
nas bocas salgadas,
nos beijos atônitos,
na urgência do gozo,
na pele marcada,
no cigarro amassado,
na meia rasgada,
no instinto desenfreado,
no grito abafado,
no sangue derramado,
o fogo que não se apaga...
Essa Mulher
Essa gata sabe o que faz,
Se esfrega nos meus pêlos,
Com preguiça, com malícia,
Me crava as unhas, eriçada...
Essa negra, quando visto branco,
Ela diz que me cai bem,
Passa a mão pelo meu peito
E com os olhos me chama pra dançar.
Essa mulher sabe o que quer,
Ela não pára, já não dorme,
De tanto trabalhar,
Trabalha, estuda, cuida da casa, dá risada, faz feliz, vai de ônibus, me ensina de tudo...
E, no fim de semana, me diz que não é nada, que é o que gosta, que não está cansada, que quer minha boca, que o tempo é todo nosso, que é hora de amar.
Se esfrega nos meus pêlos,
Com preguiça, com malícia,
Me crava as unhas, eriçada...
Essa negra, quando visto branco,
Ela diz que me cai bem,
Passa a mão pelo meu peito
E com os olhos me chama pra dançar.
Essa mulher sabe o que quer,
Ela não pára, já não dorme,
De tanto trabalhar,
Trabalha, estuda, cuida da casa, dá risada, faz feliz, vai de ônibus, me ensina de tudo...
E, no fim de semana, me diz que não é nada, que é o que gosta, que não está cansada, que quer minha boca, que o tempo é todo nosso, que é hora de amar.
Marés
Pois ela, ela, como a lua,
Muda as marés,
E a mim,
Inspira de tudo, extremos,
Na maré baixa, junto areia, água e sal e milhares de minerais mais,
Formando corais e recifes ao longo de toda a costa, como esculturas vivas.
Quando sobe a maré,
Me deito sobre os coqueiros e os dobro como se fosse o próprio vento,
E fico mirando tantas ondas e tanta agitação, faço fogueiras à beira-mar e danças da chuva.
E nas ressacas, as minhas,
Afinal, não se ama de graça, sem pagar um preço alto...
Nestas noites de eclipse, em que ela desaparece,
Erro pra todas as direções em que ando,
Cambaleio sem saber pra que lado é a terra,
Pra que lado é o mar,
Não consigo ouvir nada, é aquele estampido constante,
Aquele desequilíbrio, e sigo, sigo, sigo cego,
Até a noite em que acordo,
Deitado na areia, com a boca seca e sedento (por ela),
As ondas batendo nas pontas dos dedos, me chamando.
E lá adiante, através dos olhos entreabertos, vejo seu brilho de novo,
Ela nua, na espuma, na água, sobre a arrebentação...
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