quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Terremoto...


Não postava há mais de 3 anos...não escrevia, há tempo parecido. Uma parte minha, volta a acordar ao voltar a escrever. Quando o corpo chega a gritar, tua alma insatisfeita, não teve outra saída, se não, te  machucar...

Ansiedade: O termo tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo, etc.

A definição da tua ansiedade, é só tua. Não é Técnico. É emocional, e só sua...


Sentia um terremoto sob meus pés...

Era estranho, esse tempo todo, raras sensações de abalos sísmicos em países vizinhos ecoavam por aqui.

Lembro de ter acordado em sobressalto naquele dia, um sonho estranho do qual a única saída que me restou foi acordar. Estava encurralado, perseguido, sem mais força nas pernas, acordei assustado.

Reergui com dificuldade as pernas de volta para a cama. A vibração se mantinha nas solas dos pés. O terremoto era em mim. Concentrei para tentar entender o que acontecia...Minha testa passou a vibrar, da mesma forma.

Respirei, me ative em perceber minha respiração e fiz nova força para acordar do sonho dentro do sonho. Cinco segundos inspirando, dez segundos expirando...Água. Não era mais um pesadelo. Era o terremoto em mim.

Dormi no verão e acordei no inverno, sem outono. Adormeci em um corpo e acordei dez anos depois. Já não enxergava nada como antes. Algo nublava as minhas vistas. Eu queria chover, mas era sertão em mim, e o sol não se punha mais aqui dentro, ele me queimava. Achei que era saudade, mas ninguém do meu coração se distanciava, só eu.

Perto da janela, o filtro dos sonhos balançava, como nunca. Os gatos no andar de baixo, quase uivavam ao eclipse que me tomava. No meu peito, eu era um cavaleiro errante, que errava, eu era o sumiço da razão, o desconserto, a escuridão. Me agarrava com força aos lençóis, me aterrando contra o vendaval de medo que assolava aquele canto entre meus ossos, os tendões e os músculos em câimbra. Eu não acredito, o barqueiro veio me buscar!

Fechei os olhos, a exclamação da conclusão dos meus pensamentos, quase não acreditei. O fim chegou, ai de mim. Prendi a respiração à espera da foice que me cruzaria o pescoço. E depois? O que virá depois do fim?

A tensão cruzada, em meu corpo todo arredio, como se fosse outro, ou de outro e minha mente implantada em outro homem, quem diria, eu me perdi de mim...


Élinson Martins

06/10/2023

Um comentário:

Chaiane disse...

Assim como o véu que sobre a cabeça ou a neblina no caminho, a visão do que esta adiante fica sob suspeita e insegurança.