domingo, 25 de maio de 2008

Subir, subir


Eu dizia...

Estou enredado em teus pêlos,

Minha boca carrega teu gosto,

Descaradamente, meu corpo responde quando ouço tua voz,

E te chama...

E tuas pernas cruzadas,

E tua nuca, com a pele arrepiada,

E tuas mãos entre os cabelos,

E o eco da tua risada,

E teu sussurro no meu ouvido,

E as marcas do teu batom na borda da taça,

Teu cheiro em mim,

Me cercavam, me entorpeciam

E quando tropecei na tua vida,

E quando invadi o teu caminho,

E quando interrompi tua conversa,

E quando desmarquei teus livros,

E quando invadi tua peça,

E quando desregulei teus relógios,

E desfiz o quebra-cabeça montado em teu quarto,

Ardi numa febre,

Escalei o que havia,

Vi a terra tão pequena lá de cima.


Hoje, danço uma música até cair,

Hoje, morro de rir,

Agarro a vida à unha, no pêlo,

Hoje, não penso em voltar no tempo,

Mas nas novas alturas que tenho a subir...



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