Cheguei hoje
pela manhã, na cidade. A trabalho.
Nunca mais
tinha retornado.
Acho que já
contava oito, nove anos, tive de ir embora, joguei a toalha.
À tarde,
encontrei um velho amigo, em frente ao monumento da praça central.
Ele me
abraçou e disse: Você precisa ir nesse lugar hoje à noite. Venha, no antigo
casarão, da avenida dezesseis, às 21 horas.
Cheguei na
hora marcada, pedi uma dose de uísque.
Francisco não
havia chegado ainda.
A banda
iniciou os trabalhos.
Uma
introdução com baixo e piano...esperei a voz da Nina Simone...
Tomei mais um
longo gole. E subi os olhos enquanto ela subia no palco de cerca de quatro por
dois metros. Um vestido vermelho. As lindas pernas negras à mostra, brilhavam.
A vocalista
não era a Nina, embora negra, embora forte, embora hipnotizante, não era Nina.
Junto com as
vassourinhas do baterista, emitiu a primeira nota e a reconheci.
Era Angel.
Élinson
Martins - 12/10/2017