*Estofo da Maré: Intervalo de tempo onde não há corrente de maré. Corresponde à mudança do sentido da maré.
Às vezes anseio tanto fechar
os olhos em frente à brisa do mar, na esperança de ouvir apenas o assovio do
vento passando ao lado, como que me ninando, me fazendo esquecer de tudo o que
não me faz bem, até de ser, por alguns segundos.
O sopro constante nos topos
das dunas,
O gosto de sal nos lábios,
A areia em minhas mãos,
O mar batendo ao fundo,
Enquanto trato de baixar a
maré aqui dentro.
Quando consigo fazer isso, parece que fico mais lúcido. Mas
não é sobriedade, não é clareza. Parece que fico mais leve, me desfaço, me
desconstruo... Esqueço-me desta torre torta, desta fachada arrependida, dos
alicerces tão profundos que a ferrugem toma conta aos poucos, sem fazer alarde.
Dia desses, me distraí na
estrada, vendo uma pipa no céu.
Logo eu que quase nunca me
distraio.
Quando acontece, não sei o que
fazer,
Parece que parte de mim está querendo
fugir.
Segui de longe aquela dança,
Uma fuga flutuante em direção
ao mar,
Sua rabiola balançando doce ao vento.
No céu azul,
Parecia um escudo de um
guerreiro invisível.
Quando me dei por conta,
Percebi que cheguei a sair da
estrada,
Logo eu que não sei como
fazê-lo...
Élinson Martins 25/02/14