Cheguei a me desprender do chão ao admirar teus vôos, Acendeste as tochas daquelas cavernas, Rompendo curiosa meu silêncio.
Lá fora, ao teu lado, me perguntei: Se não há ninguém olhando pro céu, as estrelas brilham mesmo assim?
Nesta alquimia a quatro mãos, Enobrecemos nossos brutos metais, Eternizamos o tempo e geramos uma nova vida.
Lembra outro dia, planando ao teu lado, olhando pro céu, me perguntei em voz alta: E as estrelas cadentes, se não houvesse nós dois pra fazer um pedido, se jogariam de lá mesmo assim?
RESSONÂNCIA S. F. 1. Propriedade ou qualidade de ressonante. 2. Repercussão de sons. 3. Propriedade de aumentar a duração ou intensidade do som. 4. Propriedade que os corpos apresentam de transmitir ondas sonoras.
Quero o sorriso franco e espontâneo de quem passa por mim na rua, Pra nunca mais voltar. Quero o simples querer por querer, Que não seja uma idéia que se possa comprar.
Quero teu amor como um presente bonito, Que um amigo secreto me deu, Pra colocar num altar.
Quero teu amor, Como uma caixinha de música, Pra eu ficar horas olhando, Que me permita dormir tranqüilo, Que me permita acordar sonhando.
Soube que tu queria me encontrar, vi num sonho, ou ouvi alguém comentar,
Tu não vai mais me achar, assim prometi.
Jurei que nunca mais, em uma noite distante.
E sigo movendo os gelos do meu copo com os dedos, como tu detestava,
Acendendo um cigarro no outro, no lugar escuro onde me escondi,
Já nem me lembro por que.
Talvez, tudo tenha começado a terminar, no dia em que subi no parapeito da sacada do 29° andar e tu olhando pra mim, sequer esboçou reação,
Havia apenas medo, eu soube depois.
Naquele momento, assim como hoje, nenhum de nós sabia o que fazer...
Cheguei a ter vontade de ameaçar cair, mas também tive medo, seria pra ver se tu reagia,
Mas o mar banhado pela lua a nossa frente, à frente da sacada, não me deixou fazê-lo,
E nos distraímos e nos separamos de tudo o que havia acontecido até então, entre nós.
Naquela cidade grande demais.
Hoje, só penso em encontrar um lugar que me leve de volta, ao tempo em que achava que podia controlar os meus passos ou, na verdade, era quando não tinha medo de trocar os pés pelas mãos, não lembro exatamente qual sensação.
Fico pronto para o momento em que a vida me apresente algo que enfim me desconecte de tudo o que representamos, estas coisas que apenas eu ainda mantenho vivas por um fio, fio que sustento involuntária e covardemente.
Enquanto carrego um gosto amargo na boca e um medo novo de altura.